As medidas de combate à pandemia aumentaram a diferença educacional entre ricos e pobres, além de colocar mais pessoas em situação de vulnerabilidade social, afirmaram parlamentares da capital do Paraná.

Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

Questões nacionais repercutiram no plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta quarta-feira (4), quando Amália Tortato (Novo) discutiu o aumento do analfabetismo entre crianças, e Professora Josete (PT) alertou para a escalada da fome no país. Ambas utilizaram espaços do Grande Expediente, após as votações, para trazer os debates ao conjunto dos vereadores da CMC.

“O Brasil foi um dos países em que as escolas ficaram fechadas por mais tempo [durante a pandemia]”, afirmou Amália Tortato, para depois, com dados apurados pela organização Todos pela Educação, dizer que aumentou de 25,1% para 40,8% o número de crianças de 6 a 7 anos que não sabem ler e escrever no país. Depois, explorando a pesquisa por recorde de renda, afirmou que o percentual de crianças que não sabem ler e escrever é maior entre as mais pobres (51%) que as ricas (16,6%).

Amália Tortato entende que parte da diferença pode ser atribuída ao fato de a educação ser um serviço prestado diretamente pelo Poder Público. “Para ser pública a educação não precisa ser estatal”, defendeu a parlamentar, sugerindo a adoção do vale-educação  como forma de empoderar as famílias. “Por que não paga para essas crianças estudarem na rede privada, que já mostrou que sabe fazer, enquanto o Estado mostrou que não dá conta?”, disse a vereadora, que ganhou o apoio de Ezequias Barros (PMB) e Eder Borges (PP). 

“Muitas vezes a escola pública está querendo ensinar coisas desnecessárias, como ideologia de gênero, em vez de ensinar o be-a-bá e a tabuada. Na semana passada, em Colombo (PR), tinha um professor ensinando política partidária, batendo no presidente Bolsonaro, aquela briga toda, e era um professor de Inglês”, comentou Barros. “Constatamos o fracasso da educação pública, das escolas até as universidades, completamente ideologizada”, corroborou Borges.

Discordando do rumo que o debate tomou, de crítica à educação pública, Professora Josete disse que “precisamos pensar agora em quais as ações que temos para minimizar os problemas”. “Uma é garantir contraturno para as crianças que não aprenderam a ler e a escrever, a outra é garantir número de professores necessários para que sejam atendidas suas necessidades”, sugeriu Josete. Ela lembrou que a universalização do ensino público, gratuito e de qualidade foi uma conquista social, a partir dos anos 1970, e afirmou que “quando se desqualifica a escola pública é feito um desserviço à população”.

Fonte: Câmara Municipal de Curitiba